Café e o coração

Ao contrário do que se pensava, o consumo moderado de café pode fazer bem ao coração

Café e o  coração

A depressão é um fator independente de risco cardiovascular para homens e estudos modernos avaliam o papel protetor de medicamentos antidepressivos e hábitos alimentares. O consumo diário de doses moderadas (três a quatro xícaras ao dia) de café torrado adequadamente (café funcional nutracêutico) pode ser benéfico na prevenção da depressão/DCV por conter, em quantidades superiores às de cafeína (1-2%), compostos quinídeos derivados dos ácidos clorogênicos (2-4%) com ação antioxidante, além de potente ação antagonista opióide (tipo naltrexona) e efeito inibidor da recaptação de adenosina (tipo dipiridamole). No passado um grande número de cardiologistas julgava que o café possuía apenas cafeína, desconhecendo que a bebida contém também maiores quantidades de sais minerais (2-4%), ácidos clorogênicos e quinídeos (2-4%), niacina ou vitamina PP (1%) além da cafeína (1-2%) e centenas de óleos voláteis responsáveis pelo aroma e sabor da bebida, característicos de cada região produtora e dos blends dos fabricantes. Na atualidade evidências científicas permitem classificar o café como uma planta funcional nutracêutica. E novos estudos estão em andamento para avaliar o possível benefício de seu consumo na prevenção da depressão, tabagismo, alcoolismo e mesmo infarto do miocárdio. Por esse motivo o médico deve mudar seu preconceito em relação ao café, o qual considera possuir apenas cafeína, mas reconhecer que talvez possa até ser recomendado a seus pacientes (além do consumo próprio) desde que em quantidades moderadas (3-4 xícaras diárias).

Café, exercício e atletas

Café, uma bebida natural, é a mais saudável para atletas

Exercício e Atletas

Corredores de maratona e atletas de outras formas de exercício intenso aumentam os níveis de endorfina no cérebro, criando uma forma de auto-gratificação interna ( "self-reward"). Isto faz com que o atleta treinado siga adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas as pessoas sem treinamento a pararem por fadiga. Caso os atletas tomassem café diariamente durante os treinos, na dose mínima de 4 xícaras de café com ou sem leite (bebida fria), é possível imaginar que os ácidos clorogênicos/ quinídeos do café bloqueariam os receptores que são estimulados pelas endorfinas, peptídeos opióides cerebrais. Isto faria com que os neurônios do cérebro aumentassem sua descarga de endorfinas para trazer o estímulo necessário para o atleta prosseguir, atingindo a auto-gratificação num nível mais alto. Atletas assim treinados, teriam um cérebro trabalhando contra uma resistência a auto-gratificação. E quando esta resistência fosse retirada, certamente este cérebro estaria com uma maior capacidade de produzir a auto-gratificação. Deste forma, atletas treinados consumindo diariamente café, produziriam mais endorfinas e encefalinas e poderiam ter sua performance aumentada de forma significativa, sem qualquer tipo de "doping ". Apenas aumentando, além da capacidade dos músculos, a capacidade do cérebro de prosseguir mais além. Pesquisas já demonstraram que a cafeína aumenta a capacidade física de atletas treinados, um efeito que pode se somar aos dos ácidos clorogênicos/quinídeos. Em pessoas sem treinamento a cafeína apenas estimula levemente favorecendo o aparecimento de cansaço e estafa.

Café e doenças neurodegenerativas

O consumo moderado e regular de café parece proteger contra doenças degenerativas como o parkinson

Doenças  Neurodegenerativas

As doenças degenerativas do sistema nervoso central são caracterizadas por morte neuronal de evolução gradual e insidiosa, mas progressiva e irreversível. Na grande maioria dos casos os fatores desencadeantes são ainda desconhecidos pela ciência médica. Um grande número de doenças degenerativo está associado a uma transmissão genética, com herança dominante ou recessiva enquanto que outras doenças ocorrem de forma esporádica em casos isolados de uma família. As doenças hereditárias e/ou degenerativas, pelo fato de ignorarmos a etiologia ou a patogenia, são geralmente classificadas conforme as síndromes clínicas, como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer, dentre outras. Estudos epidemiológicos sugerem um papel protetor do consumo regular de café sobre a doença e Parkinson.

Café e Crianças

Café com leite é a bebida natural mais adequada para crianças

Crianças

Para milhares de crianças brasileiras a primeira e muitas vezes a principal refeição do dia é uma mistura de café com farinha ou leite. Somada a força e a perseverança, estas crianças sobrevivem saudáveis e podem servir de exemplo para outras, ao vencerem na vida, apesar de tudo e de todos. Mas assegurar uma boa nutrição, principalmente a infantil é o maior compromisso social de toda nação. Muitas crianças com fome são esquecidas em detrimento da preservação de árvores, da natureza e de animais selvagens, todas partes da bela natureza e do meio ambiente. Mas uma criança é a maior riqueza da natureza e a coisa mais bela de qualquer ambiente. Enquanto que o preconceito contra o café faz com que as crianças tomem pouco ou mesmo não tomem café diariamente, puro ou com leite, o mesmo não acontece com outras bebidas. Na atualidade tomar refrigerantes ou sucos artificiais para saciar a sede é um hábito diário de quase todas as crianças, em lugar de um simples copo de água. E estudos recentes feitos por médicos ingleses detectaram que o consumo exagerado de refrigerantes por adolescentes não apenas ajuda a destruir os dentes, mas pode provocar problemas de comportamento e afetar o crescimento. E cerca de 1/3 das crianças americanas são obesas graças ao consumo de bebidas e alimentos artificiais, incluindo refrigerantes. E ao mesmo tempo, as crianças são erroneamente educadas de que o consumo de café pode ser prejudicial para a saúde. Pois o café pode ajudar as crianças, adolescentes e jovens nas escolas. O consumo moderado e diário de café, ao estimular o sistema de vigília, atenção e concentração, pode ajudar no aprendizado escolar. E para tal basta que o café seja tomado pela manhã - com ou sem leite - e na merenda escolar, depois do café da manhã, seguindo-se um café no lanche da tarde. A humanidade escolheu o café como bebida diurna porque ele estimula o sistema de vigília do cérebro humano, mantendo-o mais acordado. O consumo diário e moderado de café torna o cérebro mais atento e capaz de suas atividades intelectuais, diminui a incidência de apatia e depressão e estimula a memória, atenção e concentração, melhorando a atividade intelectual normal.

Café e Câncer

Café e  Câncer

As neoplasias malignas são a segunda causa de morte nos países desenvolvidos, após as doenças cardiovasculares, sendo responsáveis por cerca de 25% das mortes. Estima-se que nos países desenvolvidos cerca de 1/3 da população desenvolverá câncer durante a vida e que 70% do total morrerão em conseqüência da doença. Anualmente morrem cerca de 150.000 pessoas no Reino Unido e 500.000 pessoas nos Estados Unidos devido a neoplasias como carcinoma de próstata, carcinoma de pulmão, carcinoma de cólon e reto, carcinoma de mama, carcinoma uterino, carcinoma renal e de bexiga, linfomas e leucemias, conforme mostrado no Quadro 1 abaixo. Embora o carcinoma de próstata e o câncer de mama sejam, na atualidade, as neoplasias mais comuns nos Estados Unidos, segundo o Instituto Nacional do Câncer daquele país (NCI), com a diminuição da mortalidade devido a problemas cardiovasculares e aumento da longevidade, o problema do câncer tende a aumentar. A idade é o fator mais importante vinculado à incidência e mortalidade por câncer. A incidência de câncer duplica em intervalos de 5 anos após os 25 anos de idade. Alguns tipos de neoplasias possuem maior incidência na faixa dos 60 a 80 anos, como carcinoma de próstata, estômago e cólon enquanto outras apresentam maior incidência nos primeiros anos de vida, como a leucemia linfoblástica aguda. Existem diferenças geográficas na incidência do câncer, de forma ainda pouco conhecida, mas provavelmente relacionada a mudanças na dieta, entre outros fatores. O câncer de pulmão tem maior incidência relacionada a um fator ambiental, o tabagismo, em indivíduos com predisposição genética específica.

Quadro 1 - Formas mais comuns de Neoplasias

Formas mais comuns de Neoplasias
Homens-incidência
(mortalidade/100.000)
Mulheres-incidência
(mortalidade/100.000)
1. Próstata 150/100.000 (25) Mama 110/100.000 (26)
2. Pulmões 73/100.00 (71) Pulmões 42/100.000 (33)
3. Colorretal 53/100.000 (22) Colorretal 37/100.000 (15)
4. Bexiga 28/100.000 (6) Útero 30/100.000 (6)
5. Linfoma 22/100.000 (9) Ovário 15/100.000 (6)
6. Orofaríngeo 22/100.000 (6) Linfoma 15/100.000 (6)
7. Melanoma 15/100.000 (3) Melanoma 10/100.000 (2)
8. Leucemia 13/100.000 (8) Leucemia 8/100.000 (5)
9. Rim 12/100.000 (5) Pâncreas 7/100.000 (7)
10. Estômago 11/100.000 (6) Bexiga 6/100.000 (2)


Profilaxia do Câncer

Café e  Câncer

Estudos populacionais mostram que a prevenção primária do câncer pode ser feita com modificações no estilo de vida, reduzindo, assim, a incidência de alguns tipos de câncer. Embora o câncer de próstata e de mama sejam as neoplasias mais comuns em cada sexo, o câncer de pulmão é a causa mais comum de morte em ambos os sexos. Por isso, a prevenção do tabagismo pode ajudar na profilaxia de um terço de todas as formas fatais de neoplasias, incluindo o câncer de pulmão. Uma redução de 30 % no consumo de tabaco reduz em 10% a mortalidade por câncer. A dieta é outro fator importante na prevenção do câncer. O maior consumo de frutas e vegetais ajuda na prevenção do câncer, enquanto dietas ricas em gordura estão associadas a maior risco de câncer de mama, de cólon, de próstata e de pulmão. Estudos epidemiológicos recentes (Nurse's Health Study, da Universidade de Harvard) questionam o papel do menor consumo de gorduras e a sua relação com câncer de mama, bem como o maior consumo de fibras e a diminuição do câncer de cólon. A quimioprofilaxia também possui papel importante na prevenção primária do câncer. O uso de protetores solares ajuda na profilaxia do câncer de pele. Medicamentos podem exercer um efeito profilático, como a isotretinoína, em doses de 30 mg/dia na prevenção de neoplasias epiteliais na cabeça e pescoço, novos retinóides como o fenretinide estão sendo avaliados na prevenção do câncer de mama e de próstata. Estudos sugerem benefício da vitamina E na redução da incidência de câncer de próstata, do ácido acetilsalicílico em baixas doses (dias alternados) na prevenção de neoplasias gastrintestinais (cólon, esôfago, estômago e reto), do tamoxifeno na prevenção do câncer de mama, do raloxifeno na diminuição do câncer de mama e de endométrio, da finasterida na profilaxia do câncer de próstata, da vitamina E do selênio na redução da incidência de câncer de próstata . Um grande número de ensaios clínicos está em andamento para avaliar dietas ricas e pobres em fibras na prevenção de neoplasia intestinal, bem como de novos medicamentos (detalhes atuais em cancertrials.nci.nih.gov). Estudos epidemiológicos sugerem a existência de um papel protetor do consumo diário de moderado de café ( 4 xícaras ao dia) na prevenção do câncer de cólon. Outras pesquisas avaliam o possível papel protetor do café contra o câncer de pulmão e de próstata, sem dados conclusivos ainda. Pesquisas básicas mostram que o café possui compostos polifenólicos (ácidos clorogênicos) antioxidantes e diterpenos como o cafestol que possuem ação anticancerígena.

O câncer não é uma doença isolada, mas um espectro de doenças que podem surgir em qualquer tecido do corpo humano e se disseminar para qualquer outro tecido. Cada tipo de câncer tem um padrão característico de crescimento, apresentação, bem como abordagem diagnóstica, estadiamento e tratamento. Câncer é uma palavra derivada do grego karkinos, que significa caranguejo. Na atualidade é usada para designar uma anomalia da multiplicação celular (malignidade celular), cuja característica principal é a perda do controle normal da multiplicação e crescimento celular. Isso leva à perda da diferenciação celular, crescimento desregulado e invasão de tecidos locais e a distância (metástases). O termo neoplasia também é originário do grego neo, que significa novo, e plasma, algo formado, e é usado como sinônimo para todo novo crescimento anormal, que pode ser benigno ou maligno (câncer). Outra palavra comum é tumor, que literalmente significa inflamação (de vários tipos), mas que é usada como sinônimo de neoplasia, devido ao fato de tratar-se de um processo que cresce, mas de forma desorganizada, ao contrário do processo inflamatório organizado. O processo inflamatório e tumoral foi descrito por Aulus Cornelius Celsus, que viveu em Roma no início da Era Cristã (25 a.C. - 50 A.D.) no reinado de Tiberius César, filho de uma família nobre, os Cornellii. Celsus não foi médico, mas sim um grande enciclopedista. A medicina praticada em Roma o era quase que exclusivamente por médicos gregos. Adicionalmente eram numerosos os charlatães que prescreviam ervas, amuletos ou encantamentos. Isto favorecia o sucesso de nomes como Asclepiades de Bitinia, Antonius Musa, Scribonius Largus, Temison de Laodiceis, Tessalos de Trales, Pedanios Dioscorides, Antilos, Rufo e Sorano de Efeso, todos gregos. Claurissimus GALENO ou simplesmente GALENO, outro médico grego, foi o grande destaque da época, onde a medicina era considerada uma profissão indigna para um cidadão romano. A idéia de um romano vestindo uma toga e trabalhando em pequenos locais prescrevendo óleos e poções para gladiadores, efetuando sangrias em escravos e tratando problemas de amor entre mulheres suspeitas - uma prática freqüente entre os médicos gregos - era pouco aceita. Por isso, médicos gregos vieram a Roma e conseguiram o apoio de cidadãos eminentes, nobres e cônsules. Muitos deles tornaram-se ricos e famosos. Mais tarde, embora a maioria dos médicos praticantes fosse grega, passou a existir um número significativo de médicos romanos. Como a civilização da época era eminentemente militar, os médicos romanos eram militares. Celsus apenas compilou o conhecimento existente, incluindo a medicina, onde descreveu o processo inflamatório com suas características, dor, calor, rubor e tumor na obra DE RE MEDICINA, o segundo livro a ser impresso (1478), depois da Bíblia (1455), após a descoberta da imprensa pelo gênio alemão Johannes Gutenberg (1396-1468).

O controle do câncer pode ser obtido por meio de prevenção, detecção precoce e terapêutica cirúrgica e/ou quimioterapia. É importante neste processo identificar as pessoas com risco aumentado de desenvolver câncer como conseqüência da exposição a fatores ambientais (p. ex., tabagismo, alcoolismo, asbestos), bem como devido fatores predisponentes individuais (albinismo e câncer de pele, polipose intestinal, agamaglobulinemia). A caracterização bioquímica das células tumorais, dos mecanismos reguladores da multiplicação celular e a detecção de rotas bioquímicas anormais na diferenciação celular permitirão no futuro um tratamento mais preciso e mesmo curativo dessas doenças. Alterações nas membranas celulares ou na produção de substâncias químicas peculiares já são reconhecidas, como o antigeno carcinoembrionário em pacientes com neoplasias gastrintestinais, a alfa-fetoproteína associada ao hepatoma e a proteína gama encontrada em vários tipos de tumores. A síntese dessas substâncias, que ocorre normalmente na vida fetal, pode estar relacionada à desrepressão de genes funcionais no processo da oncogênese, devido à atuação de inúmeros e variados agentes químicos mal definidos. Uma neoplasia pode ocorrer em qualquer tecido e em qualquer idade. A maioria das neoplasias detectadas em sua fase inicial é potencialmente curável, daí a importância da vigilância permanente para a detecção precoce do câncer no ser humano. Por isso, é recomendado pela American Cancer Society que exames periódicos sejam efetuados nesse sentido, conforme o Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 - Exames para detecção precoce do câncer

Exames para detecção precoce do Câncer
Homens e Mulheres
Exame Retal Anualmente após os 40 anos
Sangue oculto nas fezes Anualmente após os 50 anos
Exame proctoscópico Cada 3 anos após os 50 anos
Mulheres
Auto-exame da mama Mensalmente após os 20 anos
Exame clínico das mamas Cada 3 anos entre 20-40 anos
Papanicolaou Anualmente após os 40 anos
Cada 3 anos entre 20 e 65 anos
Exame ginecológico Cada 3 anos entre 20 e 40 anos
Anualmente após os 40 anos
Mamografia Um exame inicial entre 35 e 40 anos
Exame cada 2 anos até os 49 anos
Exame anual após os 50 anos

Café e Diabetes

Estudos modernos mostram que o consumo regular de café protege contra o surgimento da diabetes do adulto (Tipo II)

Café e  Diabetes

O diabetes tipo II ou insulino-independente (tipo adulto) tem início na maturidade, geralmente após os 40 anos, e os pacientes são em sua maioria obesos e a evolução é lenta. O diabetes do tipo 2 é responsável por 90 % dos casos. Há um componente genético importante e, embora a função das células beta do pâncreas esteja diminuída, persiste uma certa capacidade de secreção de insulina, havendo maior resistência ao desenvolvimento de cetose. Os sintomas mais freqüentes são poliúria (diurese abundante), polidipsia (sede intensa) e emagrecimento e as complicações mais comuns são retinopatia e nefropatia, todas passíveis de controle pelo acompanhamento rigoroso da glicemia. Estudos recentes sugerem que o consumo diário de até 6 xícaras de café pode prevenir o surgimento do diabetes tipo II, não devido a cafeína mas talvez devido aos ácidos clorogênicos, seus metabólitos ou aos minerais como o magnésio, dentre inúmeras outras substâncias ainda a serem estudadas no café, que não é só cafeína, abrindo uma nova área de pesquisa sobre o papel protetor do consumo de café.

Café, alcoolismo e drogas

Nenhuma família, homem ou mulher está livre de, pelo menos um dia, se ver envolvido com problemas devido ao consumo abusivo de álcool, de forma aguda ou crônica, por parte de alguém querido (familiar, amigo ou a própria pessoa ). Estima-se que a prevalência de abuso e de dependência ao álcool entre pacientes hospitalizados varia entre 15 a 30% nos países modernos de todo mundo. Além de problemas diretos decorrentes do consumo de álcool, como a embriaguez, doenças como hepatopatias, pancreatite, gastrite, desnutrição e traumatismos devido a acidentes de tráfego possuem o álcool como a principal causa. Pesquisas revelam que mais de 25 % das pessoas envolvidas em acidentes de tráfego apresentam uma alcoolemia acima de 200 mg/dL (níveis acima de 50 mg/dL já causam importante prejuízo na coordenação motora). Embora o alcoolismo seja a principal causa de morbidade e mortalidade no mundo moderno, muitos médicos não diagnosticam o problema e, caso o façam, o tratam de maneira inadequada. E o paciente alcoólatra é geralmente o último na lista de preferências do médico. O alcoólatra parece lutar com um esforço quase heróico para merecer esta impopularidade entre os médicos. O comportamento refratário, o relacionamento inseguro, a falta de vontade e mesmo de inteligência do paciente alcoólatra junto com a perda de objetividade após o diagnóstico ter sido feito e o pessimismo com a eficácia do tratamento faz com que médico e paciente não evoluam para uma solução definitiva do problema. O abuso no consumo de álcool e a dependência ao álcool é um problema que afeta mais de DEZOITO MILHÕES de americanos e mais de DEZ MILHÕES de brasileiros e representa o maior problema de saúde pública tanto no Brasil como nos Estados Unidos. No ano de 1990, nos Estados Unidos, foram gastos mais de CENTO E TRINTA E SEIS BILHÕES DE DÓLARES com problemas decorrentes direta e indiretamente do consumo de álcool, como acidentes, violência e perda da produtividade. No Brasil este prejuízo eqüivale a mais de 5 % do PIB, com um prejuízo superior a 15 BILHÕES DE DÓLARES ANUAIS devido ao alcoolismo. É importante reconhecer que os transtornos causados pelo consumo de álcool não são inteiramente causados por pessoas alcoólatras. Pessoas não dependentes, mas que cometem abusos após o seu consumo exagerado (consumo social em excesso), são responsáveis por cerca da metade dos problemas relacionados ao álcool, como acidentes, violência, comportamento inadequado e embriaguez no serviço. O consumo abusivo e persistente de álcool é uma importante causa de morbidade e é responsável por cerca de 200.000 mortes por ano nos Estados Unidos. E este abuso por pessoas não viciadas é responsável por 50 % das fatalidades dos acidentes de tráfego. Em quase 70 % dos casos de assassinato e mais de 30 % dos casos de suicídio existe uma relação direta com o consumo abusivo de álcool. A expectativa de vida para os alcoólatras é menor em 10 a 12 anos, em comparação com a população em geral. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define alcoolismo como o consumo de bebidas alcoólicas de forma continuada causando prejuízo emocional, social e físico ao indivíduo. O alcoolismo é um problema crescente nas sociedades modernas pela existência de uma série de fatores desencadeantes. Um indivíduo normal com ansiedade e depressão apenas controladas pelo álcool, ou um divórcio e desemprego que induzem ao abuso do álcool ou mesmo um executivo competitivo e estressado que consome regularmente álcool são candidatos potenciais para o alcoolismo e seus problemas como gastrite, cirrose, miocardiopatia ou síndrome amnéstica de Korsakoff. Estima-se que 90% da população adulta dos países civilizados beba álcool com periodicidade, sendo que aproximadamente 50% possui problemas temporários devidos ao alcoolismo e 10 a 15 % são alcoólatras crônicos. Isto porque a maioria das pessoas bebe quando se sente miserável - grandes quantidades e com periodicidade - em lugar de fazê-lo quando se sentir feliz -, pequenas quantidades e de forma esporádica. Isto influi na qualidade e na quantidade da ingestão alcoólica e na relação que se estabelece entre o álcool e o usuário. O alcoolismo social é uma forma de dependência crônica aceita e praticada pela maioria dos adultos nas sociedades modernas e o alcoolismo agudo e crônico se constituem na principal forma de toxicomania da espécie humana na atualidade. O controle do alcoolismo na atualidade é feito com medicamentos com propriedades antagonistas opióides, como o naltroxone e o nalmefene. Pois o café possui potentes antagonistas opióides, os quinídeos formados na torra do café a partir dos ácidos clorogênicos . E pouco é conhecido sobre outros efeitos sobre o organismo humano dos quinídeos, que também possuem uma ação inibidora da recaptação da adenosina, atuando também como antagonistas dos efeitos excessivos da cafeína sobre as células, um efeito citoprotetor. Por isso, os ácidos clorogênicos e os quinídeos formados na torra adequada do café podem até ser mais importantes que a cafeína na bebida e de grande ajuda na prevenção e controle da depressão e suas conseqüências como suicídio, alcoolismo/ cirrose e mesmo infarto do miocárdio, pois a depressão é um fator de risco de doença coronariana.

Alcoolismo e Drogas

O comércio ilegal de drogas é uma atividade agrícola de países pobres e existem na América Latina mais de 100.000 espécies de plantas completamente desconhecidas e pouco estudadas pela ciência médica. Em diferentes épocas e em diferentes lugares muitas plantas foram domesticadas pelo homem, o que levou a um desenvolvimento da agricultura como um processo para a obtenção de alimentos. Os cereais da atualidade são formas domesticadas de gramíneas do passado. Caso não houvesse o cultivo de cereais, o ser humano ainda viveria de forma nômade e incerta. Simultaneamente ao desenvolvimento da agricultura, o homem também começou a selecionar para seu consumo plantas psicotrópicas. Estas últimas logo cativaram e controlaram o interesse da espécie humana. A proporção da população mundial que se dedica a agricultura como forma de sobrevivência era em torno de 80 % no ano de 1800, diminuindo para cerca de 60 % no ano de 1950. Mas grandes extensões de terra permanecem ainda inexploradas ou sem cultivo, devido a uma excessiva superpopulação nos grandes centros urbanos. No início da Era Cristã a população mundial era de 250 milhões, duplicando apenas em torno de 1650, para 500 milhões. Nos próximos 200 anos houve nova duplicação, para 1 bilhão em torno de 1850. Em 1950 a população mundial era superior a 2 bilhões, em no ano 2000 será superior a 6 bilhões, significando um aumento de 384 vezes desde a descoberta da agricultura. O crescimento populacional nos países pobres permanece bastante alto, enquanto apresenta diminuição nos países ricos. No início da década de 80, para uma população mundial de 5 bilhões, a produção mundial de alimentos foi de 4,3 bilhões de toneladas. Deste total, 98% foi produzido em terra, sendo apenas 1 % oriundo do mar e rios. Derivados do reino vegetal constituem 92 % da dieta humana, pelo uso de cerca de 30 espécies diferentes de plantas para fins alimentares. Isto inclui 8 tipos de cereais, os quais são responsáveis por cerca de 52 % da necessidade de alimentos da espécie humana. Derivados de animais, que constitui 7% da dieta mundial, são provenientes indiretamente de plantas.

Alcoolismo e Drogas

Na atualidade os países do mundo são classificados em dois grupos: ricos e pobres. Nos países ricos como os Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Canadá, França, Alemanha e Itália , a agricultura e as atividades industriais produzem uma fartura de alimentos. Estes são conhecidos como os SETE GRANDES do mundo ocidental, e neles o excesso de alimentos cria até problemas importantes como a obesidade, enquanto que nos países pobres, como o Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia, os problemas econômicos e a pobreza são responsáveis por uma subnutrição de grande segmento de suas populações. Os países pobres possuem poucos produtos industrializados para exportar, e os produtos agrícolas legais, como trigo, soja e café, dentre outros, enfrentam barreiras e interesses nacionais no exterior. Uma balança comercial insuficiente, comparada com os paises ricos, faz com que os países pobres tenham poucas reservas para a importação de alimentos, ou mesmo para estimulo na produção de alimentos. Para agravar isto, o crescimento populacional suplanta o crescimento da produção de alimentos, o que leva ao acúmulo catastrófico de problemas de mortalidade infantil, fome e miséria em grandes partes da população sul-americana. Por razões humanitárias, a produção de alimentos deveria ser uma meta prioritária, particularmente nas áreas pobres, desde que a atividade agrícola seja realizada dentro da moderna tecnologia e com o mais alto rendimento possível, incluindo uma reforma agrária de verdade e corajosa. A história não perdoa os covardes.

A cultura de plantas ilegais como a heroína, marijuana e cocaína é basicamente uma atividade de países pobres. A heroína é proveniente dos campos de ópio do Triângulo de Ouro onde Burma, Laos e Tailândia convergem. O ópio é reduzido a uma base impura de morfina, chamada pitzu, em pequenos laboratórios da redondeza. A seguir é transportado por caravanas para laboratórios mais sofisticados, aonde o pitzu é refinado , permitindo a obtenção da morfina e da heroína, as quais são então remetidas para os grandes consumidores americanos. Durante muitos anos o comércio de drogas na América Latina foi dominado pela maconha mexicana e pela heroína. Na atualidade a cocaína substituiu a marijuana por ser mais lucrativa, sendo os mexicanos suplantados em termos de negócios e influência política pela Colômbia, Peru e Bolívia. No Brasil, poderosos grupos do narcotráfico estão se estabelecendo nas grandes capitais, criando ameaças para a sociedade, corrompendo sistemas policiais e mesmo governos, para assegurar o comércio ilegal de cocaína. Nas fronteiras com os países produtores, onde imensas áreas da Amazônia podem ser usadas para cultivo, desmatamentos são efetuados para o plantio de coca. Isto ocorre de forma importante e irreversível, pois se trata do comércio mais rentável da América Latina. Os Quadros abaixo apresentam alguns dados referentes às exportações na América Latina que ilustram a importância econômica das plantas ilícitas.

Exportações Legais

O total das exportações do Brasil, Bolívia, Colômbia e Peru juntos no ano de 1990 foi de US$ 41,984,020,000,conforme o Quadro 1 abaixo.

Quadro 1 - Exportações dos países latino-americanos

Exportações dos países Latino-americanos
País Exportações
(US$)
Café
(% total)
Destino p/ os U.S
(% total)
Brasil 33,783,000,000 7 28
Bolívia 569,793,000 2 17
Colômbia 5,026,227,000 33 40
Peru 2,605,000,000 6 21


As exportações de café variam de 33 % do total na Colômbia, para 2 % do total na Bolívia, sendo ainda uma importante fonte de renda para cada um destes países. Pode ser observado que o café boliviano foi quase que inteiramente substituído pelas exportações de cocaína. O café já foi responsável por cerca de 70 % das exportações brasileiras no início deste século, sendo lentamente substituído por outros produtos, incluindo agrícolas e manufaturados. No Brasil a agricultura é responsável por 9 % do produto interno bruto (PIB), enquanto que os manufaturados respondem por 27 % do PIB. Entretanto, o desmatamento de grandes áreas florestais, incluindo a Amazônia, onde existem mais de 5 milhões de Km 2, com mais de 30 milhões de área cultivável (várzeas), esta criando todas as condições para um desenvolvimento da atividade agrícola, incluindo condições para a mais rentável das culturas, a cocaína. Muito provavelmente, num futuro próximo, a cocaína poderá ser a principal atividade agrícola na América do Sul, incluindo o Brasil, a não ser outras culturas alternativas sejam identificadas e devidamente valorizadas, como o próprio café.

As exportações legais

A Bolívia e o Peru são os principais plantadores das folhas de coca que são posteriormente convertidas em cocaína. A Colômbia é na atualidade o principal país dedicado ao refinamento e exportação de cocaína da América do Sul. A Colômbia está se tornando também um grande produtor, juntamente com o Brasil, em suas fronteiras com os paises produtores. A maior parte da maconha consumida nos Estados Unidos é produzida no México e na Colômbia, seguindo-se o Brasil (nordeste). O México também produz quase a metade da heroína consumida nos Estados Unidos. A pobreza e a miséria existentes no Brasil criam todas as condições para que uma grande parte da população dedique-se ao plantio e comércio ilegal das drogas, particularmente considerando que o café já não é mais tão rentável como costumava ser no passado. O comércio de cocaína traz recursos anuais da ordem de 600 milhões de dólares para a Bolívia e Peru. Isto representa uma quantia maior que todas as exportações anuais da Bolívia. Na Colômbia, o comércio de cocaína gera recursos da ordem de 2 bilhões de dólares anualmente e acredita-se que no Brasil estes recursos sejam de ordem de 1 bilhão de dólares. O Quadro 2 apresenta os recursos gerados com a produção de café e de cocaína nestes países sul-americanos.

Quadro 2 - Exportações de Café e Cocaína na América Latina

Exportações de Café e Cocaína na América Latina
País Café
(US$ anuais)
Cocaína*
(US$ anuais)
Total (lucros p/ o país)
Brasil 2,100,000,000 1,500,000,000 500,000,000
Bolívia 12,000,000 2,300,000,000 600,000,000
Colômbia 1,700,000,000 5,100,000,000 2,100,000,000
Peru 156,000,000 2,500,000,000 6,000,000,000
* Estimativa


No Quadro 3 pode ser observado que o comércio de cocaína gera recursos superiores aos gerados pelas grandes empresas americanas de petróleo.

Quadro 3 - Recursos gerados pela Cocaína e pelo Petróleo

Recursos gerados pela Cocaína e pelo Petróleo
Companhia Faturamento
(US$ anuais)
Lucros
Drogas I* 10,400,000,000 3,700,000,000
Drogas II** 300,000,000,000 289,600,000,000
Exxon 86,600,000,000 3,500,000,000
Royal Dutch/Shell 85,500,000,000 6,500,000,000
Mobil 51,000,000,000 1,800,000,000
British Petroleum 49,500,000,000 3,500,000,000
Texaco 32,400,000,000 2,400,000,000
* Lucros no País
** Lucros em todo o Mundo


Analisando estas informações, impõe-se a pergunta : qual a planta mais importante e saudável para o Brasil e para a América Latina?